E de repente o vigor físico já não é mais o mesmo. O desempenho sexual também deixa a desejar. Somados a isso, estão o cansaço, o aumento da gordura abdominal, a depressão, os distúrbios de sono, as alterações de humor e a libido em declínio. As queixas se tornam especialmente comuns depois da quinta década de vida e muitos homens associam tais mudanças apenas à idade. Mais do que resultado do passar dos anos, porém, o desconforto tem nome e tratamento: deficiência androgênica do envelhecimento masculino (Daem), também conhecida como hipogonadismo ou, popularmente, andropausa.
Identificada a baixa hormonal por exames de sangue, é feita a reposição por via oral, transdérmica ou intramuscular. Aparentemente simples, o tratamento adequado esbarra na falta de diagnóstico. O homem muitas vezes não se queixa. Os médicos tampouco investigam. “Os exames laboratoriais para ver as taxas de testosterona são solicitados a partir da identificação de sintomas, o que acaba fazendo com que o problema seja subdiagnosticado. Uma pesquisa publicada em uma importante revista científica de urologia apontou que entre 19% a 20% dos homens têm níveis de testosterona inferior aos padrões da normalidade”, alerta Elaine Costa Frade, chefe da Unidade de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
A constatação é reforçada por um estudo que acaba de ser divulgado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Os dados mostram que a maioria dos homens sequer ouviram falar de andropausa. Foram ouvidos 3.200 homens com mais de 35 anos em oito cidades brasileiras. Eles disseram que, apesar de o comprometimento da vida sexual ser o maior pesadelo masculino, cerca de 57% não sabem o que é andropausa e 71% desconhecem os sintomas da doença que pode sim levar à tão temida impotência sexual.
“O hipogonadismo é doença multifatorial. Pode ser o primeiro sinal de um problema cardiovascular, por exemplo, já que uma artéria entupida que impede a ereção do pênis pode ser indício de uma coronária também obstruída”, esclarece Roni de Carvalho Fernandes, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Além disso, estilo de vida pouco saudável, diabetes, obesidade e doenças metabólicas podem aumentar as chances de desenvolver o quadro.
O mesmo levantamento da SBU mostra que eles não imaginam as causas da queda da testestosterona: cerca de 30% apostam no estresse e no excesso de trabalho como causas da doença; outros 17% acreditam que é consequência de problemas emocionais e psicológicos. Apenas 15% entendem a andropausa como resultado de mudanças nos níveis hormonais.
O desconhecimento adia o tratamento, compromete a qualidade de vida, a saúde mental e os relacionamentos amorosos. Por isso, o alerta. Ao sentir qualquer incômodo, o homem deve procurar ajuda. Por outro lado, os médicos também devem questionar os pacientes sobre a saúde física, mental e sexual deles, ainda que não apresentem queixas.
"Precisamos diagnosticar e tratar corretamente. Os especialistas também não perguntam ao homem sobre a diminuição da libido, que pode ser o primeiro indício do problema”, reforça Carlos Sacomani, médico do Núcleo de Urologia do Hospital AC Camargo e membro da Sociedade Brasileira de Urologia. “Reposição hormonal não é apenas para dar ereção, mas para melhorar a vida sexual do homem como um todo”, acrescenta o urologista Roni de Carvalho Fernandes.
Fonte: https://www.uai.com.br/app/noticia/saude/2015/08/10/noticias-saude,187225/queda-de-testosterona-e-comum-depois-dos-50-anos-mas-poucos-homens-co.shtml.
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