Mesmo sendo uma jogadora de volei talentosa, a líbero Suelen Pinto tinha problemas em relação ao seu peso de 100 kg, considerado fora do padrão para uma atleta de alto nível. Não faltaram esforço e nem força de vontade, como contou o Blog Saída de Rede, mas fatores genéticos minavam o sucesso das tentativas de emagrecimento da jogadora.
Jogadora antes e depois do procedimento. Imagem: Divulgação
Após passar por uma bem-sucedida cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como redução de estômago, ela perdeu 32kg e fez uma ótima temporada na Itália, além de tornar-se uma das principais apostas do técnico Zé Roberto no início deste ciclo olímpico visando Tóquio 2020.
Por ser um procedimento que costuma gerar várias dúvidas, separamos algumas das principais questões:
1. Como funciona?
A Gastroplastia, tem como objetivo reduzir o peso de pessoas com o Índice de Massa Corporal (IMC) muito elevado. É indicada, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m² que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares, ou para pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico (incluindo o uso de medicamentos).
A maioria acredita que a operação simplesmente força as pessoas a comer menos ao reduzir o estômago, mas os cientistas descobriram que ela provoca mudanças profundas na fisiologia do paciente, alterando a atividade de milhares de genes no corpo humano, além do complexo sistema de sinalização hormonal do sistema digestivo para o cérebro.
A operação costuma levar a mudanças no paladar das coisas, fazendo desaparecer alguns desejos alimentares. Quem passa pela cirurgia se acomoda naturalmente em um peso mais baixo.
2. Existem riscos?
Caetano Marchesini, presidente da Sociedade Brasileira de Cirúrgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), nega que seja um procedimento perigoso. "Atualmente, a bariátrica é reconhecida como a forma mais eficaz de tratar obesidade mórbida. Tem os mesmos riscos que qualquer outro tipo de cirurgia e pode ter complicações –como sangramento ou trombose. Ou seja, problemas não necessariamente relacionados à técnica”, explica o médico.
No entanto, o paciente precisa compreender que fazer a operação é uma decisão para a vida inteira e representa a cura para uma doença, a obesidade. Por isso mesmo, passa longe de ser um tratamento estético ou uma solução mágica.
3. Quais são os cuidados necessários?
Os cuidados pré e pós-cirúrgicos incluem apoio nutricional, psicológico e psiquiátrico --caso seja necessário--, além de um acompanhamento multidisciplinar permanente e anual para que a pessoa permaneça saudável e bem longe dos antigos hábitos.
Outra dica, que pode parecer óbvia, mas que é extremamente importante: você deve escolher um profissional especializado no assunto. Procure informações sobre o médico em órgãos reconhecidos pela categoria e use a internet para ir atrás de mais informações. Atitudes assim diminuem as chances de você acabar em mãos erradas.
4. Qual é a importância da saúde mental?
Esta é uma cirurgia eletiva [o paciente agenda o procedimento], não emergencial, e com efeitos para o resto da vida. Por isso, a pessoa precisa estar com a saúde clínica e mental em ordem.
Assim, além do diagnóstico clínico, é importante fazer um acompanhamento psicológico bem detalhado antes da operação. Se a pessoa é diagnosticada com depressão ou ansiedade, por exemplo, a recomendação é adiar a cirurgia.
5. Existe uma tendência à anemia no pós-operatório?
Sim, isto é algo que de fato ocorre. Entre os pacientes, as mulheres têm maior tendência à anemia, por causa da menstruação, perda de ferro e pouca presença de carne vermelha na dieta.
Essa situação pode ser minimizada com a ingestão de alimentos ricos em ferro, ou, se necessário, com a utilização de suplementos vitamínicos, muitas vezes durante o resto da vida.
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